A Comunicação Não Violenta (CNV), desenvolvida pelo psicólogo americano Marshall B. Rosenberg, é uma abordagem que promove a resolução de conflitos por meio da empatia, reconhecendo nossas próprias necessidades e as dos outros. Baseada em quatro pilares – observação, sentimento, necessidade e pedido – a CNV nos ensina a nos expressar honestamente e a receber a comunicação do próximo com empatia. Esta metodologia é aplicável em diversas esferas da vida, sendo especialmente valiosa no atendimento ao cliente.
Um dos princípios da CNV é a distinção entre observação e avaliação. Ao avaliar uma situação, tendemos a julgá-la com base em nossas opiniões, crenças e valores, o que frequentemente leva a respostas defensivas. Em contraste, uma observação focada apenas nos fatos facilita a expressão de nossos sentimentos sem julgamentos, abrindo espaço para uma comunicação mais eficaz.
Por exemplo, ao invés de dizer “Você é generoso demais”, podemos observar dizendo: “Quando vejo você dar para os outros todo o dinheiro do almoço, acho que está sendo generoso demais”. Esse tipo de observação factual evita julgamentos e promove uma comunicação mais clara e menos defensiva.
Após a observação, o próximo passo é expressar nossos sentimentos. Muitas vezes, temos dificuldade em verbalizar nossos sentimentos por medo de parecer vulneráveis, mas expressá-los verdadeiramente facilita a conexão com o outro. Por exemplo, podemos usar termos como “feliz”, “aliviado”, “frustrado” ou “irritado” para descrever nossos estados emocionais, ajudando a criar um diálogo mais aberto e compreensivo.
Depois de expressar nossos sentimentos, devemos identificar e comunicar nossas necessidades. Em vez de focar no que a outra pessoa está fazendo de errado, é mais produtivo pensar em nossas próprias necessidades não atendidas. Por exemplo, “Você não me compreende” pode ser reformulado para “Sinto necessidade de ser compreendido”.
Finalmente, é essencial fazer pedidos claros e específicos para atender às nossas necessidades. Ao invés de pedidos vagos como “tratamento justo”, devemos ser específicos: “Você poderia jantar comigo esta noite?”. A clareza nos pedidos evita mal-entendidos e aumenta as chances de recebermos o que precisamos.
A CNV também nos ensina a receber a comunicação do outro com empatia. Isso envolve ouvir ativamente, focando plenamente na mensagem da outra pessoa, sem interromper com conselhos ou nossas próprias histórias. Ao ouvir alguém dizer “Minha mãe está doente”, por exemplo, ao invés de oferecer conselhos imediatos, podemos estimular a pessoa a expressar seus sentimentos, mostrando que estamos presentes e compreendendo sua dor.
No contexto do atendimento, a CNV é particularmente útil, pois muitas situações de conflito surgem de insatisfações dos clientes. Os atendentes frequentemente enfrentam reclamações sobre atrasos, defeitos em produtos ou serviços insatisfatórios. A CNV oferece uma forma de comunicação que evita colocar o cliente na defensiva e promove a resolução pacífica de conflitos, aumentando a satisfação e a fidelidade do cliente.
Além disso, ao ouvir com empatia, os atendentes podem compreender melhor as verdadeiras necessidades dos clientes, oferecendo soluções mais adequadas e fortalecendo a relação com a empresa. A presença empática, que envolve esvaziar a mente de julgamentos e focar completamente na fala do cliente, é crucial para identificar sentimentos e necessidades subjacentes.
Portanto, a CNV não só melhora a comunicação e a resolução de conflitos no atendimento ao cliente, mas também promove um ambiente mais harmonioso e empático, beneficiando tanto os atendentes quanto os clientes. Ao adotar essa abordagem, podemos transformar críticas e reclamações em oportunidades de auxílio, criando conexões mais fortes e satisfatórias com todos ao nosso redor.
Artigo escrito por Guilherme Donda – Gestor do Atendimento ao Cliente